Mais um dia em Happy Town

Meu peito sangra.
Estou sangrando em silêncio.
Se tudo o que vocês procuram é serem desculpados.
Eu desculpo todos vocês.
Ta bom assim?
E viva o Brasil!
Viva a falta de bom senso, viva o egoísmo.
Tudo o que vocês procuram é uma palavra pra se sentirem perdoados de todas as cagadas?
Se for isso... peguem minhas palavras e saiam da minha vida.
Me deixem apodrecer a cada dia, me deixem azedar meu coração.
E não se preocupem se eu for pra cama sozinho. Já faz um tempo em que me sinto só deitado nela.
Ohhhh Happy Town... por que insiste em me atrapalhar?
Por quê?
Andar na linha não significa, seguir nela.
Os homens andam na linha com os pés e os cachorros a farejam com seus focinhos.
Estou de saco cheio disso tudo!

O fim de Happy Town!

Sozinho na multidão, valorizando uma coisa que só eu julgo importante.
Me sinto um panaca vivendo na Happy Town.
Happy town só existe na minha cabeça, é uma cidade onde existem finais felizes, viradas de mesa sensacionais. Uma cidade fictícia que só o seu criador acredita ser real.
Eu vivo em Happy town.
Sou prisioneiro dessa cidade, acredito nela.
Talvez o final feliz pra mim, seja parar de acreditar que Happy Town é uma benção ou algo do tipo e encara-lá como uma cidade maligna.
Uma cidade maligna que me priva de viver o mundo real.
Uma cidade que me apaga na multidão.

Por que se em Happy Town eu consigo tudo que eu quero, no mundo real eu simplesmente coleciono frustrações, desejos que me consomem e que simplesmente não podem ser saciados.
Simplesmente não podem e nem complicadamente.
Então...
Foda-se Happy Town!
E vivam os desejos impossíveis.

Sinto vontade de chorar, me sinto mal por constatar que Happy Town só existia pra mim.
Me sinto mal por ser só um na multidão.

Só mais um na multidão imaginária/
da imaginária cidade de Happy Town.


Adeus Happy Town!
Adeus!

p.s.: Tenho certeza de que meu Pai está morando em Happy Town, será inevitável visitá-lo um dia.