terça-feira, fevereiro 24, 2009

O dia em que matei o Carnaval

É Carnaval!

Do meu lado, isso significa música ruim, depravação, maré cheia de "sereias".
O Carnaval faz com que eu me sinta uma latinha de cerveja na mão de um bêbado.
Todos somos objetos prazerosos nas mãos uns dos outros.
A superficialidade é o que impera.
O que me incomoda é o mundo parar por conta dessa porra de festa carnal.
Putaria é feita o ano inteiro, mas parece que nessa época as pessoas tornam isso prioridade.
Depois todos compram Pozato e seguem a vida como se nada tivesse acontecido.

Dia desses fui a um baile de Carnaval na praia. Fiquei na barraca com uns amigos esperando a festa acabar pra podermos tocar violão e tomar cerveja sem sermos incomodados pelas malditas marchinhas.

Horas depois, bêbado, e de saco cheio daquilo tudo, aparece um garoto chorando. Ele havia se perdido dos pais.
Anotamos o nome dele num papel e uma das garotas da "roda" levou o nome p-ara anunciarem no palco.
3 músicas se passaram e ninguém anunciava o menino.

As garotas ao redor dançavam como se estivessem em algum tipo de ritual pagão de acasalamento, os homens pareciam cachorros rodeando um churrasco, esperando um pedaço de carne cair no chão para poder comer.

Aquilo me irritou demais... sai andando em direção ao palco, passei por todas aquelas pessoas suadas, espremidas e cheguei em frente ao palco.

Chamei a atenção do vocalista da banda, para que ele pudesse anunciar.
Ele me olhava e fingia que não era com ele.
Ao terminar a música, ele me olha e começa a cantar:
"Eu era um Bêbado/ E vivia drogado..."
Puxei um isqueiro que estava no bolso, queimei a corda de isolamento do palco e platéia e subi no local de trabalho do rapaz.
Ele usava um óculos vermelho horroroso e seu suor fedia a Km de distância.
A música parou, andei em sua direção e ele foi recuando, eu escutava o público me vaiando, me senti um astro do rock em decadência, uma espécie de Elvis Presley na fase Las Vegas, quando ele tocava pra donas de casa com suas sacolas de mercado.

Nisso recebi uma chave de braço e a multidão inteira aplaudiu.
Era um negão de quase dois metros de altura.
-Irmão, sai do palco.
-Hey, eu não sou seu irmão. Olha tua cara e olha minha. Não sou teu irmão porra nenhuma. Só que tem um garoto chorando na barraca faz meia hora e ninguém anunciou o pivete até agora.
-O nome é esse aqui? Já recebemos o papel e vamos anunciar.

Mais uma vez, aquilo me irritou e eu subi de novo no palco. Dando por assim , encerrado o espetáculo.
Me lembrei dos tempos de shows Punks e mergulhei no público, voltando de mansinho pra barraca onde eu estava.

O show acabou ali mesmo, o que foi ótimo.

Chegando na barraca, a mãe do garoto, completamente bêbada, estava lá, aos berros com ele:
- Seu estúpido! Onde você se meteu? Eu estava ali dançando, você precisava fazer isso tudo? Era só não sair por aí correndo que nem bicho.

O moleque chorava mais ainda.

Minha vontade era de meter um tapa na fuça daquela louca varrida.
Mas me contentei em dizer:
-Bom querida! Pega seu filho e sai daqui agora. Os dois.

Escutei um "escroto", como agradecimento e acendi um cigarro.

Abri mais uma latinha de cerveja, com o sentimento de dever cumprido.
Na verdade eu me senti o Hancock, mas tudo bem.

Alguns acordes na viola e milhares de olhares de reprovação depois, encerrei mais uma noite de carnaval convencido de que realmente não nasci pra achar a menor graça nessa porra toda.

Talvez devesse ter ficado em casa assistindo os desfiles pela TV.
Mas hoje em dia eu prefiro ver um filme pornô.

Skindô, Skindô para todos!

Um comentário:

Anônimo disse...

Carnaval é uma data depravada,as pessoas fazem de tudo e quando acaba passam nas ruas fingindo não terem feito nada mas todos se olham com cara de culpa.
E as danças de acasalamento de carnaval...são.O fim da dignidade.
(Opinião de gente comportada e careta!haha)

Agora...fazer uma boa ação em uma data como essas é ganhar muitos pontos no céu!Oh..
E uma mãe como essas não deveria ter filhos.Por isso o mundo está como está.Revoltante o relato.

Os desfiles de carnaval podem se comparar a um filme pornô.Só que com um pouco mais de glamour...talvez.Brilho,fantasia e blah blah blah...

E quem escreveu esse texto não é a mesma pessoa dos textos anteriores,garanto!
Ainda assim muito bom.Ainda que em estilo diferente,foi bom.

Agora você pode me dar um autógrafo á parte disso tudo? Hum?Hum?